quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Exercício 7 - Pelo que tantos aguardavam?


Por Jânsen Leiros Jr

Revisado e ampliado em 26/04/2025


"21 Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.  
22 Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor 23 (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor), 24 e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.  
25 Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. 26 E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. 27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei, 28 Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:  
29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;  
30 pois os meus olhos já viram a tua salvação,  
31 a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;  
32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.  
33 Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam. 34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição, 35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.  
36 Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade; 37 e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. 38 Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.  
39 Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para sua cidade de Nazaré. 40 E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.
Lucas 2:21-40 - KJA

Passados quarenta dias do nascimento, seguindo o que a Lei de Moisés prescrevia para a purificação da mãe e a consagração do primogênito (Lv 12.1-8; Ex 13.2), Maria e José levaram Jesus a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor. Aquelas eram práticas comuns entre os judeus piedosos, reafirmando não apenas a obediência ritual, mas também a esperança messiânica que ardia no coração de Israel.

O detalhe de que Jesus foi apresentado como primogênito é significativo: segundo a lei, apenas o primeiro filho a "abrir a madre" da mulher deveria ser consagrado a Deus (Êx 13.2; Nm 3.12-13). Se José já tivesse filhos de um matrimônio anterior — como sugeririam tradições muito posteriores —, não haveria a necessidade de apresentar Jesus como tal. A narrativa reafirma, assim, a ausência de filhos anteriores e confirma Jesus como o legítimo primogênito de Maria e José aos olhos da lei judaica.

Para Maria e José, esse momento selava a consagração de seu primogênito — aquele que, segundo a palavra do anjo, seria chamado "o Filho do Altíssimo" (Lc 1.32). Contudo, como tantos em seu tempo, sua expectativa não ultrapassava os limites nacionais: esperavam um rei libertador, um novo Davi que restauraria a soberania de Israel frente às humilhações estrangeiras. A profundidade da missão de Jesus, muito além das fronteiras de Israel, permanecia, naquele momento, velada para eles.

Ao entrarem no Templo, dois personagens da velha aliança se apresentam como testemunhas do que ocorria: Simeão, homem justo e piedoso, e Ana, profetisa de idade avançada, ambos representando a geração fiel que aguardava a redenção de Israel.

Simeão, movido pelo Espírito Santo, reconhece no menino a esperança prometida. Ao tomá-lo nos braços, declara publicamente que seus olhos viram a salvação preparada por Deus "à vista de todos os povos" (Lc 2.30-31). Este detalhe — a salvação destinada não apenas a Israel, mas a todos os povos — revela, já nas primeiras testemunhas, que o Messias seria infinitamente maior do que o esperado pelas tradições nacionalistas.

Ainda assim, a bênção de Simeão a Maria carrega uma sombra: "E uma espada transpassará a tua própria alma" (Lc 2.35). Uma previsão sombria, que anunciava a dor que um dia ela sofreria não apenas pela morte do filho, mas pelo colapso de suas esperanças messiânicas imediatas.

Ana, por sua vez, proclama a todos os presentes que aquele menino era a redenção aguardada. Seu testemunho reforça publicamente a autenticidade da identidade messiânica de Jesus. Com isso, o cenário está montado: o Messias é apresentado sob o testemunho público e legítimo da velha aliança, impedindo que, no futuro, sua missão fosse interpretada como um arranjo forjado por seguidores tendenciosos.

Assim, a apresentação de Jesus no Templo não é apenas o cumprimento de um ritual religioso; é a ratificação histórica de que a nova aliança emergia das raízes da antiga, em plena continuidade e fiel à promessa. Israel, ainda que inconsciente de todo o plano de Deus, testemunhava o início de uma revolução muito maior do que podia imaginar.

Embora o Evangelho não registre em palavras, o gesto de Maria e José diz tudo: eles se calaram diante do mistério daquele momento e, com o coração rendido, disseram ao Senhor ‘Eis-me aqui, usa-me a mim’. Não anunciavam suas próprias vontades, mas colocavam suas vidas à disposição do desígnio divino, conscientes de que faziam parte de uma história muito maior do que qualquer plano humano.

Exercício Espiritual — Reconhecer o Invisível

Meditação:
Assim como Maria e José, muitas vezes vivemos nossas tradições e práticas de fé, sem nos darmos conta da profundidade da obra de Deus em nós. Eles apresentaram Jesus no Templo segundo a Lei, mas ainda não conseguiam enxergar toda a extensão da missão de seu filho. Da mesma forma, Deus também realiza promessas em nossa história que, muitas vezes, nos parecem confusas, frustradas ou incompletas à primeira vista.

Exame:

  • Sou capaz de confiar em Deus mesmo quando Seus caminhos me parecem ocultos?
  • Minha fidelidade nasce da esperança no cumprimento do Seu plano eterno, ou de expectativas pessoais e imediatas?
  • Como posso aprender, a exemplo de Maria e José, a confiar no que Deus está realizando, mesmo sem ver plenamente seus frutos agora?

Ato espiritual proposto:

Em oração, apresente a Deus seu coração inteiro — não para buscar a realização de projetos pessoais, mas para reafirmar sua entrega confiante ao plano eterno de Deus. Reconheça que Sua vontade é maior e melhor do que qualquer expectativa humana, e disponha-se a caminhar em fidelidade, mesmo sem compreender todos os Seus caminhos agora.

Versículo para meditação:

"Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz o Senhor." (Isaías 55.8)

 

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